ATA DA DÉCIMA QUARTA SESSÃO SOLENE DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 21.05.1998.

 


Aos vinte e um dias do mês de maio do ano de mil novecentos e noventa e oito reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às dezessete horas e trinta minutos, constatada a existência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão, destinada a homenagear o SINPRO - Sindicato dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul, nos termos do Requerimento nº 01/98 (Processo nº 33/98), de autoria do Vereador Adeli Sell. Compuseram a MESA: o Vereador Luiz Braz, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; o Senhor José Fortunati, Vice-Prefeito Municipal de Porto Alegre; o Professor Marcos Júlio Fuhr, representante do SINPRO; o Senhor Hamilton Braga, representante da Secretaria Municipal de Cultura; a Senhora Marta Martins, representante da Secretaria Municipal de Educação; a Senhora Líbia Aquino, representante da Secretaria Estadual de Educação; o Capitão Paulo Leandro da Rosa Silva, representante do Comando Geral da Brigada Militar; o Senhor Paulo Peretti Torelly, Secretário Geral Adjunto da Ordem dos Advogados do Brasil - Seccional Rio Grande do Sul; o Vereador Adeli Sell, na ocasião, Secretário “ad hoc”. Ainda, como extensão da Mesa, foram registradas as presenças dos Senhores Amarildo Pedro Cenci, Valéria Ochoa, João Luiz Steidach, Marcelo Mena Barreto e Cecília Bujes, respectivamente, Secretário de Finanças e Administração, Jornalista, Secretário de Política Sindical, Assessor de Comunicação Social e Diretora dos Assessores Jurídicos do SINPRO; do Senhor Jairo Carneiro, representante da Federação dos Metalúrgicos; dos Senhores Darci Tomazi e Ana Tomazi, representantes do Centro de Professores da Escola José Cezar de Mesquita; do Senhor Paulo Marcelo Paganeli de Azevedo, representante da Federação das Associações de Pais e Mestres das Escolas Particulares do Rio Grande do Sul - FEDERAPARGS; do Professor Milton Léo Gehrke, Diretor-Administrativo do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado do Rio Grande do Sul - SINEPE/RS; da Professora Lígia Kauer, Presidente do Conselho Municipal de Educação. A seguir, o Senhor Presidente convidou a todos para, em pé, ouvirem à execução do Hino Nacional e, em prosseguimento, concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Vereador Adeli Sell, como proponente da Sessão e em nome das Bancadas do PDT e do PPS, discorreu sobre a história do SINPRO, declarando que, nesses sessenta anos de existência, essa entidade transformou-se em um órgão efetivo de defesa dos interesses dos professores da rede privada de ensino e de busca da melhoria do sistema educacional brasileiro. O Vereador Eliseu Sabino, em nome da Bancada do PTB, relembrou o início das atividades do SINPRO, discorrendo acerca da política norteadora desse sindicato, marcada pela “reivindicação por melhores condições de vida e trabalho dos professores, dentro de uma visão crítica voltada para a democratização da sociedade”. O Vereador Gerson Almeida, em nome da Bancada do PT, teceu considerações sobre o trabalho desenvolvido pelo SINPRO, afirmando ter sido esse sindicato pioneiro na discussão e implantação de um conceito novo de sindicalismo, o do Sindicato-Cidadão, vendo a categoria que representa como composta por profissionais e sujeitos na sua integralidade humana. O Vereador João Carlos Nedel, em nome das Bancadas do PSDB, PPB e PMDB, salientando ser a educação direito do cidadão e dever do Estado, comentou problemas verificados no sistema de ensino brasileiro, declarando que se não fosse a dedicação e perseverança da classe dos professores, tal sistema há muito seria completamente inviável. O Vereador Carlos Garcia, em nome da Bancada do PSB, saudou o transcurso dos sessenta anos do SINPRO, falando de sua participação, como integrante desse Sindicato, nas lutas da categoria dos professores. Em continuidade, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Professor Marcos Júlio Fuhr que, em nome do Sindicato dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul, agradeceu a homenagem prestada pela Casa. Após, o Senhor Presidente convidou os presentes para, em pé, ouvirem à execução do Hino Rio-grandense e, nada mais havendo a tratar, declarou encerrados os trabalhos às dezoito horas e trinta e oito minutos, convidando a todos para a Sessão Solene a ser realizada às dezenove horas. Os trabalhos foram presididos pelo Vereador Luiz Braz e secretariados pelo Vereador Adeli Sell, Secretário “ad hoc”. Do que eu, Adeli Sell, Secretário “ad hoc”, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores 1º Secretário e Presidente.

 

 

 


O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): Estão abertos os trabalhos da presente Sessão Solene, destinada a homenagear o SINPRO - Sindicato dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul.

Convidamos para compor a Mesa o Sr. José Fortunati, Vice-Prefeito Municipal de Porto Alegre; o Prof. Marcos Júlio Fuhr, representante do SINPRO; o Sr. Hamilton Braga, representante da Secretaria Municipal de Cultura; a Sra. Marta Martins, representante da Secretaria Municipal de Educação; a Sra. Líbia Aquino, representante da Secretaria Estadual de Educação; o Capitão Paulo Leandro da Rosa Silva, representante do Comando Geral da Brigada Militar; o Dr. Paulo Peretti Torelly, Secretário Geral Adjunto da OAB - RS .

Convidamos todos os presentes para, em pé, ouvirmos o Hino Nacional.

 

(Executa-se o Hino Nacional.)

 

 

O SR. PRESIDENTE: Ouviremos agora o pronunciamento do proponente desta homenagem, Ver. Adeli Sell, que falará também pelas Bancadas do PDT e PPS.

 

O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Falar do Sindicato dos Professores do Rio Grande do Sul - SINPRO, para mim, por um lado, é muito fácil porque do primeiro Sindicato nós nunca esquecemos.

Este é o Sindicato o qual, logo que saí da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, imediatamente, comecei a dar aula em um curso de inglês aqui da Cidade, me filiei a esse Sindicato e comecei minha trajetória e militância sindical.

Mas também é muito difícil falar de um Sindicato com o qual temos tanta proximidade, tantos amigos que participaram, nesses anos todos, da construção de uma idéia, de movimento, de reivindicações tão importantes para a categoria dos professores e para a defesa da educação na nossa Cidade e no nosso Estado.

Eu falo do Sindicato dos Professores do Rio Grande do Sul para marcar neste aniversário, nestes 60 anos, a luta não apenas daqueles que hoje estão na sua diretoria, mas que estão na base dessa categoria. Mas eu falo de sua história, de anos e anos de construção de um Sindicato, de uma Entidade na defesa dos interesses dos professores da rede privada do nosso Estado, sejam professores de primeiro grau ou de universidades.

Eu falo também do Sindicato de hoje, não no mesmo molde do SINPRO, que conheci no ano de 1976-77. Naquele momento, era muito difícil de fazer luta sindical, o sindicato não tinha, evidentemente, a abertura que tem hoje; pelo contrário, havia dificuldades, não internas - era um outro momento -, mas externas ao Sindicato. Vivíamos um momento difícil de repressão, e todo e qualquer movimento reivindicativo aparecia, naquele momento, como algo que subvertesse a ordem da Cidade, do Estado e do País. Essa construção desses anos todos nos levou ao Sindicato dos Professores - o SINPRO - 1998.

Tenho, na minha Bancada, dois professores - José Valdir e Guilherme Barbosa - filiados ao Sindicato, que acompanharam comigo essa construção, bem como outros companheiros sindicalistas, como o Ver. Gerson Almeida, que foi da CUT, e Jairo Carneiro, ex-presidente da Central Única dos Trabalhadores. O SINPRO foi parte desse processo de construção, não apenas da entidade da categoria, mas construiu também, nesse período, um movimento reivindicativo sindical da Central Única dos Trabalhadores e todos os movimentos por liberdade e democracia.

O SINPRO de hoje é um sindicato dos mais modernos do nosso Estado. É um sindicato que está colocado naquilo que de mais avançado se possa imaginar para um sindicato nos dias de hoje. É um Sindicato que não esqueceu a luta cotidiana, a relação direta do dirigente sindical com os filiados. Às vezes, para uma pequena cidade lá do interior do Rio Grande do Sul vão seus dirigentes sindicais, seus diretores para contatar com o professor. Às vezes, a conversa com os professores acontece na hora do recreio, no fim da aula ou no início do expediente. É um Sindicato que está na Internet, um Sindicato que participou de vários eventos, das principais discussões filosóficas, sociológicas do último período na nossa Cidade. Vimos atividades aqui na Usina do Gasômetro, na Universidade Federal, com auditórios lotados. Lá estava, junto com a Prefeitura, junto com outras entidades, o Sindicato dos Professores do Rio Grande do Sul.

O Sindicato estará também comemorando os seus sessenta anos na praça pública como vi em anos anteriores no Parque da Redenção. Domingo, eu tenho certeza, todos estaremos lá numa atividade pública para mostrar que esse Sindicato continua vigoroso, que não é um Sindicato apenas para a sua categoria, mas um Sindicato que pensa a sociedade, um Sindicato colocado amplamente para toda a sociedade na defesa da cidadania e do interesse público. É assim que se dá uma lição, é assim que o Sindicato dos Professores, na sua diretoria, na sua organização, dá sua aula de como se faz um moderno sindicalismo hoje. Este é o SINPRO, e não poderíamos, Ver. Clovis Ilgenfritz, Ver. João Carlos Nedel, Ver. Eliseu Sabino, deixar de homenagear este Sindicato que tem uma expressão mais moderna e acabada, e que considero um verdadeiro sindicalismo. Marcaremos, hoje, com esta homenagem, os 60 anos de história do SINPRO e isso para continuar nos próximos dias com as outras atividades que o Sindicato está realizando. Presto esta homenagem em meu nome, como proponente, em nome da minha Bancada, em nome das Bancadas que estou aqui representando e, tenho certeza, que falo também em nome dos 33 Vereadores desta Cidade . Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Eliseu Sabino está com a palavra pela Bancada do PTB.

 

O SR. ELISEU SABINO: (Saúda os componentes da Mesa.) Associamo-nos também, com muita satisfação, a esta homenagem e cumprimentamos o seu proponente, o Ver. Adeli Sell, que, nesta Casa, sempre tem demonstrado a sua preocupação com a educação, com o ensino, com os professores. Neste momento, falamos em nome da Bancada do PTB e da Comissão de Educação, Cultura e Esporte da Câmara Municipal, a qual tenho a honra de presidir. O SINPRO, talvez, seja desconhecido por pessoas que não estejam ligadas à classe, mas é bem conhecido do corpo docente, de todas as escolas, tanto municipais, estaduais, públicas e, principalmente, das particulares.

Desde a primeira reunião para a formação de um sindicato de professores primários, a comissão formada por José Luiz Prado, Antonio Magadan e Thiago Wurth, em 1938, foi reconhecida pelo governo. José Luiz Prado foi seu primeiro Presidente e, até hoje, com Marcos Fuhr, preparou-se para seu objeto maior: o Professor, oportunizando uma política norteadora reivindicatória de melhores condições de vida e trabalho dos professores dentro de uma visão crítica voltada para a democratização da sociedade.

Lá se vão sessenta anos de lutas pelos interesses dos professores das mais diversas escolas particulares.

Neste retrospecto, podemos salientar que, nos últimos anos, uma visão mais progressista está sempre presente na organização da categoria.

Até a década de setenta, foi marcado como um sindicato de traços parecidos com os de uma clínica particular e seu assistencialismo, bem como o cumprimento de tarefas sindicais e administrativas representaram um período de letargia.

Com a abertura política, o movimento de expansão e o avanço sindical, os professores questionaram a sua atuação, dando a ele uma direção de luta, participação e mobilização.

Na década de 80, as eleições deram ao Sindicato do Professores do Rio Grande do Sul um movimento maior, não tão representativo, mas sua estrutura passou a contar com maior número de sócios através de campanhas massivas de sindicalização, num período marcado pelas paralisações, greves, congressos e outras atividades comemorativas. Novas delegacias foram criadas no interior do Estado nesse período.

Na década de 90, o Sindicato dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul tem se destacado pela sua expansão, tanto física quanto humana, na realização de congressos nacionais e internacionais, com a colaboração de nomes como Luís Fernando Veríssimo, Moacir Scliar, Ruy Carlos Ostermann, entre outros, chegando ao presente com esta força que é transmitida aos professores através do movimento sindical “para além da luta por melhores salários e condições profissionais”. Parabenizamos esta coletividade que tanto engrandece o nosso Estado. Muito obrigado. (Palmas.)

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Gerson Almeida, que fala pela Bancada do PT.

 

O SR. GERSON ALMEIDA: (Saúda os componentes da Mesa.) Sobre a história do SINPRO e sua importância política na reconstrução do movimento sindical, esse fato já foi aqui colocado tanto pelo companheiro Adeli Sell quanto pelo Ver. Eliseu Sabino. Registro, neste momento importante em que se comemoram os sessenta anos da entidade, um outro aspecto que demonstra a atualidade, a contemporaneidade e a capacidade de renovação que o Sindicato dos Professores tem, baseando-se em suas diretorias, fato pelo qual o SINPRO foi e é o pioneiro no Rio Grande do Sul, na discussão e implantação de um conceito novo de sindicalismo, que é o de sindicato-cidadão. Um sindicato profundamente comprometido com os interesses específicos da sua categoria profissional, não se relaciona apenas com os seus sindicalizados e a sua categoria na condição de assalariados, mas se relaciona como sujeitos na sua integralidade humana, como cidadãos que têm outros desejos e inquietudes que não apenas os da reprodução do seu trabalho, da boa remuneração e das boas condições de trabalho para exercer a sua profissão o que por si só já é um pleito e uma luta fantasticamente importante e necessária.

Essa noção de sindicato-cidadão parece-me muito adequada para enfrentar os dilemas atuais que o movimento sindical enfrenta. Eu, particularmente, como militante oriundo da luta sindicalista, da reconstrução de entidades, da Fundação da Central Única dos Trabalhadores, junto com o Prof. Marcos Fuhr, Amarildo e tantos outros companheiros e companheiras presentes aqui hoje, penso que essa talvez seja uma particularidade marcante no trabalho que o SINPRO vem realizando. Tanto é que foi exatamente essa conduta e essa orientação que fez com que o SINPRO, nos últimos anos, já fosse uma referência política e cultural nos debates em curso em Porto Alegre e no Estado. Vou citar, rapidamente, alguns debates que a memória permite - já que não posso lembrar de todos - alguns dos debates marcantes em que o SINPRO foi um dos principais organizadores e viabilizadores para que Porto Alegre e o Estado do Rio Grande do Sul pudessem ter o privilégio de debater com algumas das principais personalidades políticas, intelectuais e filosóficas contemporâneas. A Agnes Heller, por exemplo, tive a oportunidade de ser uma das quinhentas ou seiscentas pessoas que se apertaram para escutar essa que é uma das pessoas, hoje, mais interessantes e instigantes do pensamento contemporâneo. O Francoise Cirré, outra grande personalidade da história das lutas sociais e aí por diante. O SINPRO ajudou a permitir que pudéssemos debater, escutar as idéias e trocar opiniões com essas personalidades. O grande escritor português José Saramago também veio, sob os auspícios do SINPRO e em parceria com outras entidades, dar-nos o privilégio de escutar, discutir e conversar com ele. Também o Fukuiama, considerado, em determinado período muito particular da história próxima, uma personalidade símbolo do pensamento da direita no mundo. O SINPRO também participou, porque um dos valores que o sindicato-cidadão traz é exatamente o da pluralidade e do diálogo, mesmo com pessoas que defendem idéias opostas, diferentes daquelas que defendemos. Uma outra figura, que hoje é Ministro do governo Fernando Henrique Cardoso, uma das principais personalidades da República, o Ministro da Cultura, Francisco Fervord, também debateu conosco, convidado pelo SINPRO. Enfim, cito esses, poderia citar tantos outros, o que demonstra exatamente essa preocupação do Sindicato de discutir e defender os interesses da sua categoria profissional, uma categoria importante e fundamental para qualquer projeto de desenvolvimento tanto econômico quanto cultural de uma Nação, porque o entende como um cidadão amplo e completo, e para isso faz ações, promove atividades e políticas que legitimem esse conceito. Isso faz a categoria crescer e faz com que o SINPRO cresça.

Lembro mais um dos grandes aportes que o SINPRO trouxe para o movimento sindical: o “Jornal do SINPRO” que, sem nenhuma dúvida, a meu juízo, é o melhor jornal, a melhor experiência de jornal de sindicato. E nós, do movimento sindical há muitos anos queremos fazer jornais que sejam mais do que apenas reprodução das questões internas da categoria e das suas dificuldades, e o jornal do SINPRO acho que corrobora essa experiência exitosa que mostra que o movimento sindical, apesar das vicissitudes e problemas atuais, da mudança, inclusive, do sistema e da própria natureza e caracterização da força de trabalho que, hoje, muda rapidamente, o SINPRO mostra que o sindicalismo tem um papel fundamental, desde que seja capaz de se atualizar e responder a essas agruras da classe dos trabalhadores assalariados.

O SINPRO mostra isso, e nós queremos homenageá-lo por esses sessenta anos, desejando que continue muitos outros sessenta anos para que possamos construir, de fato, uma sociedade mais justa. Obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra. Falará pelas Bancadas do PPB, PMDB e PSDB.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: (Saúda os presentes.) Inicialmente, gostaria de cumprimentar o Ver. Adeli Sell por essa brilhante iniciativa.

Sou fascinado, de modo muito especial, por toda a discussão pertinente a este importantíssimo campo de ação humana, que é o da educação.

Tema da atual Campanha da Fraternidade, em boa e oportuna hora lançada pela CNBB, a educação é direito do cidadão e dever do Estado, a partir do que todas as demais aspirações da pessoa humana se viabilizam, emergindo do plano das idéias para o plano da realidade.

Iniciada na intimidade dos lares, pelo ensino e exemplo dos pais, a educação, entendida como o aprendizado, cultivo e prática social dos valores essenciais da humanidade, completa-se, entretanto, nas boas escolas, onde refulge como essencial a figura do professor.

Poucas profissões, como a de professor, têm a relevância e, ao mesmo tempo, a paradoxal falta de reconhecimento e a ingratidão da sociedade, com ênfase para o poder público.

Louvados pela unanimidade das pessoas, enaltecidos em verso e prosa por intelectuais e políticos e sacralizados pela história e pelo reconhecimento geral, os professores, desafortunadamente, aos poucos e continuamente, deixaram de receber a atenção e o mérito para seu trabalho, hoje desgastado até a quase exaustão.

Não fora o ideal de classe e a perseverança dos professores e a educação, ter-se-ia há muito tornado inviável.

Ressalte-se aqui, Senhor Presidente, o papel maiúsculo que, ao longo dos últimos sessenta anos, vem sendo desempenhado pelo SINPRO, o Sindicato dos Professores do Rio Grande do Sul, que hoje justamente homenageamos.

Pioneiro como sindicato, o SINPRO, por sua organização, esforço e obstinação em defender a legítima causa do Professor, tem prestado inestimáveis serviços à também legítima causa da educação.

Embora de vocação inicialmente assistencialista, o SINPRO converteu-se, no decorrer do tempo, em órgão autenticamente representante de classe, contando com um interessante sistema de gestão, que é o sistema colegiado, e agregando mais de dez mil associados.

A Bancada do PPB, que tenho a honra de integrar, juntamente com os apreciados companheiros João Dib e Pedro Américo Leal, a Bancada do PSDB, integrada pelos ilustres Vereadores Anamaria Negroni, Antonio Hohlfeldt e Cláudio Sebenelo, e, também, a Bancada do PMDB, integrada pelos Vereadores Luiz Fernando Záchia e Clênia Maranhão, pelos quais fui honrado com a delegação de falar também em seus nomes, ao se incorporarem às homenagens que esta Casa hoje presta ao SINPRO, ressaltam o mérito dessa entidade na discussão, no debate e na defesa das questões pertinentes ao interesse dos professores.

E lhe fazemos um voto de incentivo à continuidade de seu importante trabalho, reforçando, entretanto, a idéia de que, acima de eventuais questões corporativistas, por mais justas que sejam, deve estar, sempre e necessariamente, o interesse maior da educação, como expressão essencial que é do bem comum. Esse é o grande diferencial do SINPRO. Parabéns. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Anunciamos como extensão de Mesa as presenças do Secretários de Finanças e Administração do SINPRO, Sr. Amarildo Pedro Cenci; Jornalista do SINPRO, Sra. Valéria Ochoa; Secretário de Política Sindical do SINPRO, Sr. João Luiz Steidach; Assessor de Comunicação Social do SINPRO, Sr. Marcelo Mena Barreto; Representante da Federação dos Metalúrgicos, Sr. Jairo Carneiro; Diretora dos Assessores Jurídicos do SINPRO, Sra. Cecília Bujes; Representante do Centro de Professores da Escola José Cezar de Mesquita, Sr. Darci Tomazi e Sra. Ana Tomazi; Representante da Federação das Associações de Pais e Mestres das Escolas Particulares do Rio Grande do Sul - FEDERAPARGS - Sr. Paulo Marcelo Paganeli de Azevedo; Diretor-Administrativo do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado do Rio Grande do Sul - SINEPE/RS, Prof. Milton Léo Gehrke, demais professores e convidados.

O Ver. Carlos Garcia está com a palavra pelo PSB.

 

O SR. CARLOS GARCIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Vou fugir um pouco do que foi dito aqui, pois tive a oportunidade de vivenciar um pouco essa nova história desse Sindicato, que o Ver. Gerson chamou de sindicato-cidadão.

Poderia dizer, hoje, que nesses 60 anos de Sindicato, ele tem dois momentos: o antes e o atual desta nova Diretoria. Foram anos de luta para tentar mudar esse conceito de sindicato e aqueles professores que acompanharam sabem da identificação, da luta que se fez para mudar. Foi, realmente, muito difícil fazer alterações, não foi uma nem duas, foram várias tentativas para chegar ao que é hoje. Quando li, eu disse: representante do SINPRO, Professor Marcos Fuhr. Isso, também foi uma mudança porque o Sindicato deixou de ser um sindicato do sistema presidencialista para ser parlamentarista, ou seja, um colegiado. Então, essa é uma nova visão de sindicato.

Durante muitos e muitos anos - continuo sócio do SINPRO - lutamos para conseguir novos sócios e tentar - foi uma briga na época - romper as estruturas. Hoje nós temos certeza de que o Sindicato cresceu e cresceu muito. Cresceu, primeiro, com uma consciência sindical, com uma consciência de categoria, mas, também, com a adesão de novos sócios que perceberam a importância de ser associado a um sindicato, porque enxergam nele o seu porta-voz.

Este Sindicato tem uma belíssima sede que, talvez, seja uma das melhores sedes de sindicato, na Av. João Pessoa e uma sede campestre na Ponta Grossa, na antiga sede da VARIG.

Essa referência do sindicato, busca, incessantemente, uma interlocução entre os professores das escolas e o seu sindicato através do jornal, como foi dito, mas, principalmente, procurando trazer aquilo que há de mais moderno dentro da pedagogia e da cultura em nosso Estado, em nosso Brasil e, muitas vezes, fora do nosso País.

Portanto, Marcos, receba, em nome da Bancada do PSB, em meu nome e do Ver. Hélio Corbellini, a nossa manifestação de apoio e de agradecimento ao Ver. Adeli Sell pela sua brilhante iniciativa. Sinto-me gratificado por ser um desses dez mil associados do SINPRO.

Parabéns, porque essa luta é de todos nós da categoria. Muito obrigado. (Palmas.)

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Anunciamos a presença da Profa. Lígia Kauer, Presidente do Conselho Municipal de Educação.

O Prof. Marcos Júlio Fuhr, Coordenador da Secretaria de Cultura, Esporte e Lazer do SINPRO, está com a palavra.

 

O SR. MARCOS JÚLIO FUHR: (Saúda os componentes da Mesa.) Quero saudar, também, a Profa. Lígia Kauer, a quem quero prestar uma homenagem especial neste momento, como ex-integrante da Diretoria do Sindicato dos Professores, Presidente do Conselho Municipal de Educação. Quero, também nesse início da minha elocução, agradecer profundamente a presença do Professor, Dirigente do SINEPE, Milton Gehrke, que nos honra com sua presença neste momento. Tenho certeza de que, se muitas vezes as nossas relações foram tensas, marcadas por muitas lutas, também foram de profundo respeito.

O Sindicato dos Professores que represento aqui neste momento, a sua Diretoria, sente-se profundamente honrada com esta homenagem que os Vereadores de Porto Alegre prestam a esta Entidade, que não é uma Entidade de Porto Alegre, é uma Entidade do Rio Grande do Sul, tendo uma relação profunda com a Cidade, onde tem ainda a maior parte de seus filiados, dos seus associados. Tenho um profundo orgulho de ser homenageado pela segunda vez. Estivemos aqui quando o SINPRO fez 55 anos, há cinco anos, para receber também homenagem dos Vereadores; alguns, inclusive, eram os mesmos.

Portanto, queremos deixar o nosso profundo agradecimento a este reconhecimento, a toda a Câmara de Porto Alegre, e, em particular, àqueles que propuseram esta Sessão.

Temos certeza de que isso acontece porque o Poder Público reconhece o trabalho que a nossa entidade vem desenvolvendo.

E esse trabalho, Srs. Vereadores, Sras. e Senhores convidados, procura não se restringir, como já foi destacado pelos que fizeram uso da palavra antes de mim, apenas à categoria ou aos aspectos reivindicativos do nosso fazer, da nossa atuação.

O Sindicato dos Professores, como sindicato que é, tem, na verdade, um compromisso com os professores das escolas particulares do Rio Grande do Sul, que nós representamos.

Tem um compromisso com a educação nas escolas particulares e públicas. E quando nos posicionamos e lutamos pela educação, não fazemos distinção entre o que é público e o que é privado. Partimos do pressuposto de que a sociedade tem o cidadão, e tem direito à educação. Mais do que isso, tem direito a uma educação de qualidade.

E temos uma convicção férrea de que educação de qualidade depende, fundamentalmente, do professor. Isso é algo que tenho dito, à exaustão, como dirigente sindical e como conselheiro do Conselho Estadual de Educação.

Pode-se ter bons prédios, laboratórios, bibliotecas, mas se não tivermos professores qualificados, satisfeitos e, especialmente, entusiasmados com o seu fazer, a educação não será qualificada, não será aquela educação de que a sociedade precisa.

E por isso que atividade sindical no meio educacional é fundamental, porque cabe a nós, como sindicalistas da área da educação, lembrar sempre isto: que é importante, é fundamental, é indispensável que os professores estejam atendidos em suas necessidades básicas, que os professores estejam emulados. Mas, o Sindicato dos Professores tem uma preocupação que vai além disso.

Ele teve uma origem assistencialista, e, durante muito tempo, nós, como oposição, e mesmo depois, como dirigentes do sindicato, tecíamos algumas críticas muito ácidas em relação a isso. Mas, fazendo uma revisão histórica desse processo todo, torna-se compreensível esse aspecto, pois esse Sindicato surgiu em 1938, e todos sabemos que, nessa época, nós vivíamos, no País, um daqueles, como tantos que tivemos, períodos de ditadura, de Estado autoritário. Aqueles que, naquela circunstância, naquele momento, criaram o Sindicato dos Professores, cumpriram essa função assistencial quando o Estado não fazia isso. Era, sem dúvida nenhuma, um ato importante, significativo na vida dos profissionais da educação. E o Sindicato dos Professores - o SINPRO/RS -, ao longo de muito tempo, teve como papel principal apenas a função assistencial, mas chegou o momento em que isso já não era mais a questão central da vida dos professores. No final dos anos 70, na esteira das grandes mobilizações dos trabalhadores brasileiros, o SINPRO somou-se ao renascente movimento sindical que despontava. E também lá no SINPRO, vários professores atuantes nas mais diversas escolas da nossa Cidade, do nosso Estado, colocaram, na ordem do dia, a luta por mais salário, por melhores condições de trabalho, e, fundamentalmente, pela redemocratização do nosso País. E lutar pela redemocratização do País tinha muito a ver com a luta pela democracia na escola. A escola particular, assim como a empresa privada, de modo geral, não é um espaço muito democrático; aliás, uso o verbo no presente, porque continua não sendo. Esse é o grande desafio que se coloca por aqueles que lutam pela democracia: transcender a questão eleitoral. Não apenas eleger, de quatro em quatro anos, os nossos representantes, mas levar a democracia, construir a democracia lá no local onde as pessoas trabalham. Veio, com esse novo tempo no Sindicato, uma grande mobilização da nossa categoria. Uma categoria que não tinha nenhuma tradição de luta coletiva. Na década de 80, marcou sua presença nas ruas, nas praças públicas, mostrando que também os professores das escolas particulares estavam insatisfeitos com o seu status quo; queriam mudanças: mais salários, melhores condições de trabalho, reconhecimento como profissionais da educação. Antes, me perguntava um jornalista: qual é a causa do Sindicato dos Professores, o que os professores mais querem? Eu disse, e digo agora, que a grande causa do Sindicato dos Professores, enquanto Sindicato, enquanto atuação e ação reivindicadora, é o reconhecimento profissional daqueles a quem representa. Nós queremos ser reconhecidos e valorizados como profissionais da educação.

Fizemos várias greves, muitas lutas que nos garantiram um patamar salarial que, hoje, se não é o ideal, também não queremos deixar de reconhecer que ele é razoável. Somos uma das categorias que têm tido o privilégio de ver repostas as perdas salariais, têm conseguido evitar a corrosão inflacionária dos seus salários, mas estamos, sem dúvida nenhuma, muito aquém daquilo que consideramos como o ideal de remuneração de um profissional que despende tanto tempo - e, muitas vezes, tantos recursos - para formar-se professor.

O Sindicato dos Professores - como já foi destacado, aqui, por vários oradores -, a partir da década de 90, encarando esse novo tempo que o mundo vive, responsável certamente por tão poucas pessoas aqui presentes, ele, hoje em dia, não tem mais a expressão e o charme que, em outros tempos, já teve. E seria uma hipocrisia não reconhecer isso neste momento de homenagem que esta Casa nos presta. O movimento sindical, de um modo geral, já não é mais o ator que já foi no cenário nacional e mundial, porque essa nova mentalidade que se implementa pelo mundo afora, chamada “neoliberalismo”, tem conseguido grandes avanços, mas tem conseguido solapar, em boa parte, aqueles valores fundamentais que estão na base da ação sindical, que é a questão da solidariedade entre os homens. Nós, do Sindicato dos Professores, temos procurado enfrentar isso das mais diversas formas, nos irmanando com o resto do movimento sindical na denúncia, na mobilização possível que se faz, na resistência, na defesa daqueles direitos básicos dos trabalhadores, mas, especialmente, enquanto Sindicato de Professores, temos intensificado a nossa presença nas escolas, o nosso trabalho cotidiano e especialmente apaixonado. Aliás, essa sempre foi uma marca dos que dirigiram o SINPRO, sempre tiveram, nele, um objeto da sua paixão intensa, desde seus fundadores até nós. Nessa perspectiva de renovar, dizemos, com orgulho, que somos uma entidade anciã, mas não somos uma entidade velha; somos anciãos, mas renovados, pois renovamos isso, cotidianamente, com o trabalho, mas, muito especialmente, com criatividade. É essa criatividade, esse sentir-se desafiado pelas diferentes conjunturas, que nos fez, nesses últimos anos, criar o conceito do sindicato- cidadão já destacado pelo Ver. Gerson Almeida. É nessa perspectiva do sindicato-cidadão que nós fizemos uma série de atividades das quais nos orgulhamos muito e que também já foram destacadas.

Eu sempre me lembro da minha satisfação por ter tido a possibilidade e a oportunidade de trazer a Porto Alegre algumas pessoas de renome, que nos orgulham muito em ter estado aqui na nossa Cidade, e que nós tenhamos oportunizado aos nossos concidadãos terem tido contato com essas pessoas. Quero relatar - como símbolo e a expressão dessa experiência - que foi num entardecer de um dia de dezembro de 1992, que sentei ao lado de um dos mais eminentes intelectuais do século XX , o historiador Eric Hobsbaum, e que nós tivemos o prazer de trazê-lo a Porto Alegre. Ele deu uma aula pública, no Largo Glênio Peres, ao lado do Mercado Público, em Porto Alegre. Foi uma das cenas mais comoventes, mais tocantes, ver aquele senhor, ancião, sentado ali, num pequeno estrado, ao nosso lado, dando uma aula sobre a conjuntura que vivíamos e suas perspectivas neste final de século XX.

É nesse relato, nessa referência que quero expressar o que é essa nossa proposta do sindicato-cidadão. E é essa mesma proposta que nos faz trazer agora, no próximo domingo, às 11 horas da manhã, no Largo do Expedicionário, junto ao Brique da Redenção, o cantor Paulinho da Viola, para comemorar conosco, professores, e com toda a sociedade porto-alegrense e gaúcha, os 60 anos do Sindicato dos Professores.

Eu quero finalizar essa minha intervenção, fazendo um caloroso convite aos Srs. Vereadores, a todo este Plenário, para que estejam conosco nas comemorações públicas dos sessenta anos do Sindicato dos Professores, no próximo domingo. Obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): Agradecemos as palavras do Professor Marcos Fuhr e de todos os oradores que o antecederam.

Encerramos esta Sessão Solene em homenagem aos sessenta anos do Sindicato dos Professores do Rio Grande do Sul ouvindo o Hino Rio-grandense.

 

(Executa-se o Hino Rio-grandense.)

 

(Encerra-se a Sessão às 18h38min.)

 

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